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Uma ideia criada para ajudar a natureza a prosperar. E que funciona.

As análises mostram que os 141 produtos criados durante o Desafio superam a média do setor em 18% nos indicadores ambientais, incluindo saúde do solo, água e emissões. E também têm desempenho comercial – alguns dos produtos já estão disponíveis em varejistas como Waitrose, Fortnum & Mason e Carrefour Brasil.

Um dos principais aprendizados do Desafio é que muitos participantes aplicaram com sucesso a estrutura ao fortalecer os vínculos com os agricultores que os abastecem. Esses diálogos ofereceram às empresas muito material para repensar como poderiam criar ou adaptar seus produtos para ajudar a natureza a prosperar e, ao mesmo tempo, reforçar a resiliência dos negócios no futuro.


“Fazer parte do Desafio nos deu a oportunidade de realmente refletir sobre o trabalho que fazemos com os agricultores e com o sistema de fornecimento, especialmente no que diz respeito ao que de outra forma seria considerado 'resíduo'”, diz Josiah Meldrum, cofundador da Hodmedods, vendedora de grãos e leguminosas.

“Isso nos permitiu fazer perguntas como: ‘Essas plantas na lavoura são mesmo ervas daninhas? Esses pedaços de feijão servem apenas para ração animal?’ Aproveitamos esse espaço para explorar de verdade as possibilidades que essas respostas revelam.”


Esses diálogos podem se tornar processos frutíferos e recíprocos para empresas e agricultores, permitindo que líderes empresariais vejam por si próprios como o solo e outros fatores naturais mudam quando os agricultores têm condições de aplicar práticas regenerativas. Os agricultores podem receber apoio para aumentar sua produtividade e sua renda, o que gera benefícios para ambos os lados.

A Mahta produz shakes em pó com castanhas-do-Brasil fornecidas pela RECA, um coletivo de agricultores da região de Rondônia, na Amazônia. A Mahta trabalhou em estreita colaboração com os agricultores da RECA para encontrar formas de aumentar o rendimento e o valor nutricional do “bolo de prensa”, subproduto da extração do óleo da castanha-do-Brasil e geralmente considerado resíduo. Durante o Desafio, a Mahta e os agricultores levaram essa parceria adiante, desenvolvendo o bolo de prensa de cupuaçu (outro subproduto comumente desperdiçado) para uso nos shakes da marca.


“São essas pequenas vitórias silenciosas que muitas vezes não aparecem nos rótulos ou na mídia, mas representam um avanço importante no impacto e na inovação que buscamos alcançar junto com a sociobioeconomia amazônica”, afirma Max Petrucci, CEO da Mahta.


Os participantes do Desafio foram criativos na forma de medir e destacar os impactos das colaborações. Estudantes da Universidade de Bristol descobriram quase o dobro da biomassa de insetos nos campos dos fornecedores da Wildfarmed, fabricante de pães e farinhas. Como resultado das práticas agrícolas apoiadas pela marca, as abelhas, em particular, prosperaram, com um aumento populacional de 3,7 vezes.

A fundadora da Wild Hare, Dominie Fearn, desenvolveu um aplicativo que ajuda os agricultores a planejar melhor o deslocamento do gado nas terras para otimizar resultados como a saúde do solo e a redução de carbono. Isso permite que ela imprima os resultados nas embalagens, o que fortalece tanto o marketing para o consumidor quanto as negociações com varejistas.

Alguns participantes perceberam que precisavam adaptar seus termos de compra para facilitar bons resultados no campo. Os fundadores da GoodSAM, produtora de café e snacks, compram uma grande variedade das colheitas dos seus agricultores como forma de compartilhar os riscos.

Mas desenvolver parcerias pode ser um desafio. Marcas iniciantes com pouco poder de compra às vezes enfrentam dificuldade para convencer agricultores ou seus representantes de que são parceiros comerciais viáveis.

Diante de condições operacionais cada vez mais instáveis, os próprios agricultores também têm dificuldade para encontrar tempo para preencher questionários ou receber visitas de equipes de pesquisa corporativa. Há ainda a questão não resolvida sobre quem é o dono dos dados gerados.

As colaborações entre agricultores e marcas podem utilizar o Global Farm Metric para superar essas barreiras. Desenvolvido por nosso parceiro de projeto, o Sustainable Food Trust, esse framework permite que agricultores e seus clientes trabalhem juntos para projetar operações que ajudem a natureza e a sociedade a prosperar.

Empresas alimentícias também podem acessar o guia da Fundação Ellen MacArthur sobre como usar o design circular para alimentos. Repleto de soluções práticas e exemplos reais, ele reúne o conhecimento obtido com os participantes do Desafio O Grande Redesenho de Alimentos.

Os 57 participantes foram pioneiros. Agora você pode aproveitar os aprendizados que eles obtiveram para transformar seu portfólio de produtos e, ao mesmo tempo, ajudar a natureza a prosperar. Pá opcional.

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