Esta página faz parte de um guia sobre como expandir modelos de negócios circulares na moda. As ideias aqui apresentadas foram desenvolvidas a partir de uma análise do setor da moda, mas são relevantes para outros setores.
Modelos de negócios circulares podem fortalecer a resiliência empresarial e gerar valor financeiro em três áreas principais: cliente, resiliência e clima. Essas áreas ajudam a demonstrar que modelos circulares trazem vantagens reais para o negócio.

Cliente
Modelos de negócios circulares oferecem a chance de reinventar o relacionamento com o cliente, aumentando a fidelidade, o engajamento e atraindo novos públicos.
O comportamento dos consumidores está mudando — e cada vez mais eles se envolvem com propostas circulares. Em 2024, o mercado de revenda cresceu oito vezes mais rápido do que o varejo tradicional de roupas. Muitas empresas já estão aproveitando esse modelo para alcançar novos perfis de consumidores, especialmente os que buscam produtos com preços mais acessíveis.
Para que esses modelos prosperem, o vínculo com o cliente precisa ser transformado: mais interações, múltiplos pontos de contato, tanto para peças novas quanto usadas. Isso exige repensar a jornada do cliente além da simples venda de um produto.
Arc’teryx: A plataforma ReBIRD, da Arc’teryx, dedicada a serviços circulares, dobrou de tamanho ano após ano. Oferecendo revenda junto com cuidados e reparos, ReBIRD fortalece o vínculo com a marca. Clientes podem visitar os Centros de Serviço ReBIRD nas lojas para avaliar, lavar ou consertar seus produtos — prolongando sua vida útil e evitando o descarte. A revenda também atrai um público novo, mais jovem e com maior consciência ambiental, oferecendo estilos únicos e vintages a preços mais baixos.

“A revenda está acontecendo hoje, mas é dominada por plataformas peer-to-peer, que controlam como o produto da marca é apresentado. Há uma oportunidade fantástica para marcas de moda e varejistas recuperarem esse controle, inclusive criando seu próprio marketplace para apresentar seu estoque, onde o usuário final desfruta do benefício de comprar em um lugar confiável para garantir a autenticidade.”
Andrew Rough, CEO, ACS Clothing


Resiliência
Modelos circulares ajudam a mitigar riscos crescentes associados ao modelo linear tradicional.
O modelo linear — baseado em grandes volumes de produtos novos e padronizados — foi por muito tempo considerado mais estável. Mas o cenário está mudando: nos últimos cinco anos, aumentaram as interrupções na cadeia de suprimentos, e investidores estão cada vez mais atentos aos riscos mais citados pelas empresas.
Manter produtos em uso reduz a necessidade de novas produções, diminuindo os impactos negativos à biodiversidade e ao clima ligados à extração e descarte de matérias-primas. Assim, modelos circulares ajudam a reduzir riscos e fortalecer o argumento econômico por trás da circularidade. Muitas empresas ainda descrevem esses riscos de forma qualitativa, mas outras já estão começando a mensurar e quantificar os impactos — considerando desde pressões regulatórias até dinâmicas de mercado.

“Os modelos de negócios circulares oferecem uma oportunidade para repensar as normas tradicionais do setor que contribuem para questões relacionadas aos direitos trabalhistas e riscos associados para as empresas. A criação de novos modelos apresenta novas oportunidades na forma como os compradores trabalham e compartilham riscos e receitas com os fornecedores, de maneira a melhorar as condições e os meios de subsistência dos trabalhadores.”
Cliodhnagh Conlon, Diretora, Consumer Sectors, BSR.
Leia mais em: BSR, Keeping Workers in the Loop (2021).

Clima
Incorporar métricas climáticas no argumento de negócio demonstra que modelos de negócios circulares podem gerar receita e mostrar progresso em relação às metas climáticas existentes.
70% dos tomadores de decisão em cargos executivos esperam que as mudanças climáticas impactem significativamente as estratégias e operações nos próximos três anos. Ao mesmo tempo, mais de 500 empresas dos setores têxtil, de vestuário e calçados estabeleceram metas ou compromissos baseados na ciência como parte da iniciativa Science-Based Targets (SBTi). Empresas de moda também aderiram à Carta da Indústria da Moda da ONU para Ação Climática, com o objetivo de alcançar emissões líquidas zero até 2050. Modelos de negócios circulares representam uma oportunidade de alcançar essas metas com sucesso, mitigar riscos climáticos e lidar com as margens apertadas atuais ao reduzir a pressão sobre a descarbonização nas etapas iniciais da cadeia.
Saiba mais sobre como construir o argumento de que modelos de negócios circulares ajudam a atingir metas climáticas.
Vestiaire Collective: Nas palavras da própria Vestiaire Collective, “o vintage está em alta”. Um em cada três compradores usa a Vestiaire Collective para encontrar itens únicos e difíceis de encontrar, com quase um quarto de milhão de buscas por "vintage" em 2023 (+40% em relação ao ano anterior). Com foco na revenda, o negócio da Vestiaire Collective continua crescendo, enquanto o crescimento do lucro se dissocia do uso de recursos. Ao estender a vida útil de um item, comprando peças de segunda mão na Vestiaire Collective, a pegada ambiental pode ser reduzida em 90%. Em 2023, pela primeira vez, a Vestiaire Collective reduziu tanto a intensidade de carbono quanto as emissões absolutas em 6%. As ações tomadas para reduzir as emissões absolutas, mesmo com o crescimento do negócio, incluíram: priorizar transações locais, optar por transporte terrestre em vez de aéreo e promover o envio direto de cliente para cliente.